1. Talvez um autor só introjete a cultura e emoções de sua época, e tenta explica-las por suas obras. Ainda que não viva de forma autêntica, ele se expressa como tal. Por exemplo, Schopenhauer podemos vê-lo no buscar da superioridade por meio de sua visão sobre sexo, pois é assim que muitos dos seus pares sucedidos pareciam na época (e até nas atuais). Ainda que satisfeitos, lhes faltava algo, a transcendência - e neste caminho Schopenhauer os transcendeu.
Sobre Filhos - Me questiono sobre a determinação dessas visões de futuro: deveríamos visar quantas gerações à frente com nossos trabalhos, e mesmo se a fizermos, o que garante que ele seguirá e inclusive da forma que a queiramos? Nossos pais desejavam que fossemos como somos no agora? Será que Platão e Aristóteles gostariam das Universidades atuais? O que Nietzsche acharia daqueles que citam suas obras e seu nome no mundo de hoje? Os filhos dos filósofos não são suas obras, mas aqueles que as leem.
2. O melhor exemplo para a
finitude do determinismo é a psicanálise, e sua incapacidade de se adequar à
linguagem do mundo atual. Qualquer um que leia as teorias de Freud na sua época
facilmente as repudiava, atualmente essa tendência continua. O problema não é a
teoria em si, mas tentar utiliza-la em prática, e mais, acha-la como superior,
dogmática e atemporal.
Certamente deveríamos celebrar
Freud e suas descobertas que ajudaram a esclarecer os aspectos da própria
inconsciência, teorizada por ele. O mundo parece valorizar aqueles que criam
novas necessidades e tentam satisfaze-las, basta ver a revolução de Steve Jobs
e os celulares. Todavia, essas descobertas e necessidades logo se tornam
obsoletas, e precisam ser expandidas.
Enquanto teoria, as palavras de
Freud parecem ser úteis, enquanto prática, ela se limita pela própria
incapacidade de se adaptar com o tempo e com a sociedade. Problema que levou à
grandes quebras de relações do autor com outros grandes psicanalistas, como
Adler e Jung, ambas causadas por uma divergência de opiniões. Dá a entender que
aqueles que permaneceram ao seu lado, não eram apenas os que precisavam de
ajuda ou visavam um futuro, como também, aqueles que sonhavam em ter uma lasca
da estima de Freud, e o saudavam como um Rei para recebe-la.
Sem questiona-lo, pois como dito
por si mesmo: "A Aceitação de processos psíquicos inconscientes, o
reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento, a consideração da
sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise
[...], e quem não estiver em condições de subscrever todos eles não deve
figurar entre os psicanalistas" - Sigmund Freud. Sua palavra era a
lei, e aqueles que a desobedeciam seriam expulsos ou exilados. Todavia, Freud
está morto, e quem há de questiona-lo agora? Você, o futuro e eu.
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